Projeto Arqueologia Sankofa leva oficinas de formação ao Quilombo João Pereira
21/10/2025
(Foto: Reprodução) Moradores do Quilombo João Pereira (JP) receberam a segunda etapa das atividades do projeto Sankofa
Divulgação
O projeto “Arqueologia Sankofa: Meu Quilombo, Saberes Ancestrais!”, aprovado pela Lei Aldir Blanc do Governo do Estado, segue seu circuito de formação patrimonial pelo Baixo Amazonas. No fim da semana passada, o Quilombo João Pereira (JP) recebeu a segunda etapa das atividades, com oficinas que aliam conhecimento científico, memória ancestral e valorização da identidade quilombola.
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As ações fazem parte de um percurso que abrange os quilombos Murumurutuba, João Pereira e Saracura, propondo um mergulho nas origens afro-amazônicas e na história dos territórios. O projeto é coordenado pelas arqueólogas Elaine Pinto e Rafaela Pinto, e busca ampliar o acesso à arqueologia a partir da perspectiva das próprias comunidades.
O primeiro dia foi marcado pela Oficina “Arqueologia e a Diáspora Africana”, ministrada por Elaine Pinto e Rafaela Pinto, que apresentou os fundamentos da arqueologia como ciência e sua contribuição para compreender os processos de formação dos quilombos. O grupo refletiu sobre a dispersão forçada dos africanos escravizados e o papel da arqueologia no fortalecimento da memória e da resistência negra.
“O Quilombo João Pereira é um território em movimento, que se reconhece e se fortalece a cada nova conquista. As oficinas são espaços de troca e de escuta, onde aprendemos uns com os outros e reafirmamos nossa história”, destacou a coordenadora do projeto, Elaine Pinto.
No sábado (18) a Oficina “Arqueologia Afrorreferenciada e confecção de bonecas de pano”, ministrada por Rafaela Pinto, uniu tradição e criatividade. A atividade apresentou a história e os significados dos tecidos africanos, convidando os participantes a confeccionar bonecas inspiradas em símbolos da ancestralidade.
Projeto Sankofa contempla comunidades quilombolas
Com presença expressiva de mulheres, mas também de homens e crianças, o encontro transformou-se em um momento de aprendizado coletivo e fortalecimento econômico.
“O que me motivou a participar foi o desejo de aprender mais sobre a minha cultura e entender como posso fortalecê-la. Eu gostei muito da oficina de bonecas pretas”, contou Emanuelle Ribeiro, de 15 anos, aluna participante.
O presidente do quilombo, Waldines Pereira, celebrou o engajamento da comunidade e ressaltou o impacto das formações: “Aqui ninguém tem vergonha de dizer que é quilombola. A gente busca nossos direitos e segue construindo o território com união e orgulho. Esse conhecimento vem fortalecendo nosso quilombo pra depois a gente continuar trabalhando e resgatando essa identidade. A oficina trouxe esse pertencimento que é muito importante pra nós.”
Oficina sobre pertencimento no quilombo João Pereira
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Pertencimento e inclusão
Todas as oficinas do projeto contam com intérprete de Libras, audiodescrição e materiais adaptados, reafirmando o compromisso com a acessibilidade. Como contrapartida, será produzida uma cartilha sobre educação patrimonial e um mini documentário sobre as oficinas, ampliando a visibilidade dos territórios quilombolas e suas práticas culturais.
O Arqueologia Sankofa também movimenta a economia criativa local, contratando serviços de produção e alimentação dentro das próprias comunidades e gerando oportunidades para quilombolas e pessoas com deficiência.
A iniciativa conta com o apoio da FOQS (Federação das Organizações Quilombolas de Santarém), da Associação Quilombola de Murumurutuba (AQMUS), da Associação Quilombola de João Pereira (JP), da Associação Quilombola de Saracura e da Escola Santo Inácio, além das lideranças e moradores que fortalecem cada etapa do projeto.
Após as atividades no Quilombo João Pereira, o projeto entra em sua reta final, com o encerramento das oficinas em Murumurutuba e JP e o início das formações no Quilombo Saracura, previstas para os meses de novembro e dezembro, quando será realizado o encerramento oficial das atividades.
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