Mercado de trabalho apresenta quadro de escassez de mão de obra em muitas profissões
13/12/2024
Economistas veem sinais de escassez quando os salários de uma área crescem acima da média. É a lógica da oferta e da procura. Ao mesmo tempo em que tanta gente acumula dívidas, o mercado de trabalho apresenta um quadro de escassez de mão de obra em muitas profissões.
A expansão da economia está longe de ser uma doença, mas pode gerar alguns sintomas. Especialistas verificam já há algum tempo a pressão sobre o mercado de trabalho. Se o baixíssimo nível de desemprego é saudável, a dificuldade das empresas contratarem é uma das dores do crescimento do Brasil. Onde técnica de enfermagem é raridade.
"Tem pessoas que entram pensando que é de uma forma e quando se depara lá na prática, não é. Pode ser diferente. Aí tem pessoas que vão gostar, como eu, e tem pessoas que não vão se adaptar e aí escolhem outras coisas”, diz a técnica em enfermagem Maria Clara Lima da Cunha.
Procura-se também: professor de educação infantil, soldador, técnico de manutenção de máquinas, montador de veículo... A lista é longa. O número de profissões com indícios de escassez de mão de obra em 2024 se mantém no maior nível da série histórica.
“Cerca de 200 profissões que respondem por 80% da força formal de trabalho no Brasil, 40% das ocupações ali têm indícios de escassez e isso não ocorreu só em 2024”, afirma Fabio Bentes, economista sênior da CNC.
Mercado de trabalho apresenta quadro de escassez de mão de obra em muitas profissões
Jornal Nacional/ Reprodução
Economistas veem sinais de escassez quando os salários de uma área crescem acima da média. É a lógica da oferta e da procura. Vagas abertas levam empresas a disputar profissionais com melhor remuneração.
Esse cenário onde sobram cadeiras e faltam profissionais é o da atividade aquecida, que leva ao pleno emprego e da falta de investimentos em educação e qualificação de pessoas. Essa é a explicação dos economistas.
E os próprios profissionais também apontam motivos particulares para a escassez de mão de obra, que atrapalha o crescimento sustentável do país. Enquanto avança a inteligência artificial, começam a fazer falta habilidades humanas, especialmente nos hospitais.
“O saber escutar, o saber acolher, saber trabalhar em equipe. E isso está muito escasso ultimamente. O profissional consegue até entrar no mercado de trabalho, mas muitas vezes não consegue permanecer”, diz a a enfermeira Roselaine Cristina da Silva.
Na média, o salário das secretárias foi o que mais subiu, segundo o estudo da Confederação Nacional do Comércio: alta de 17%. Mas ainda é pouco, diz a secretária executiva Sônia Sousa:
"Muitas empresas estão requerendo o modelo presencialmente e os salários estão muito baixos. Eu sou aluna de escola pública desse país, escolhi o secretariado para ascender profissionalmente e socialmente, sempre acreditei que a educação é a arma transformadora e fiz disso para ascender”, conta.
"Enquanto a gente tiver essa demanda não atendida por parte das empresas, a gente vai continuar tendo taxas de desemprego baixas e problemas de escassez especialmente em setores de ponta, em setores que a gente tem uma dificuldade grande de substituir o emprego humano pela tecnologia”, afirma o economista Fabio Bentes.
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