Audiência coloca familiares de vítimas frente a frente com médico investigado pela morte de mais de 40 pacientes no RS
04/10/2024
João Batista do Couto Neto é investigado por 42 mortes e lesões a 114 pacientes em Novo Hamburgo. Defesa diz que 'muitas dessas imputações não correspondem à realidade'. Médico João Couto Neto, investigado pela polícia no RS
Reprodução
Testemunhas do caso do médico João Batista do Couto Neto começaram a ser ouvidas pela Justiça, nesta sexta-feira (4), em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O ciurgião é suspeito pela morte de 42 pacientes e já é réu em três processos por homicídio doloso, quando há intenção ou se assume o risco de matar.
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Esta é uma fase inicial do processo. Estão sendo ouvidas as testemunhas indicadas pelo Ministério Público.
Os irmãos Carlos Diego e Aline Cristina de Oliveira perderam o pai, Ruben. O homem de 68 anos não resistiu às complicações que surgiram após uma cirurgia que teria sido realizada por Couto Neto, segundo a família.
"A nossa expectativa é que realmente a justiça seja feita, que ele não volte a machucar mais ninguém e que nós possamos encerrar esse ciclo", diz.
Segundo a Polícia Civil, além da suspeita por 42 mortes, João Couto Neto é investigado por lesões em outras 114 pessoas. O médico foi preso pela primeira vez em dezembro de 2023 no interior de paulista, depois de conseguir registro do Conselho Regional de Medicina em São Paulo.
O motivo da prisão foi o descumprimento de medidas cautelares, entre elas a de comparecer à Justiça. Ainda em 2023, a prisão foi revogada. O médico foi preso novamente em setembro, em um hotel de Novo Hamburgo.
"É uma prisão que não deveria ter ocorrido, ainda mais pelo motivo que foi invocado. O que nós podemos referir nesse momento é que muitas dessas imputações não correspondem à realidade", diz o advogado do médico, Flávio Barros de Lia Pires.
Já o advogado que representa a família de uma das vítimas disse que o caso pode ser levado ao julgamento popular. A decisão de realizar um júri cabe ao juiz.
"Nós estamos colhendo provas que foram já feitas na fase investigatória, estão sendo repassadas novamente aqui na instrução. E, ao final, nós acreditamos que o juiz vá pronunciar o réu para o júri", afirma o advogado Thiago Dutra.
Uma das testemunhas ouvidas na audiência foi Cristina Costa Kirch. A mãe dela, Núbia, de 70 anos, morreu em 2021 após complicações na cirurgia para retirar pedras na vesícula, segundo a família. A depoente preferiu falar por vídeo, para não ter que ver o médico presencialmente.
"A maior dor da gente é que quando a gente fazia as perguntas, e ele dizia que estava tudo bem. Como eu disse hoje no meu depoimento, eu às vezes me condeno, como que eu não vi antes o que estava acontecendo", lamenta.
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